MINHA VISÃO sobre o uso de cryptomoedas no mercado de e-commerce

Ontem gravei e publiquei um episódio do nosso podcast falando sobre minha visão sobre cripto moedas no mercado de e-commerce. Resumindo o podcast: hoje vejo que é inviável o uso, para que seja possível é preciso superar principalmente algumas barreiras técnicas, mas é uma ideia que sou um certo entusiasta.

Para gravar o podcast fui pesquisando e anotando, no fim das contas tinha um texto. Dei uma arrumada nele e para que pudesse postar por aqui também. :upside_down_face:

Primeiro, o que exatamente é uma criptomoeda?

A criptomoeda, é uma forma de moeda digital totalmente independente de bancos centrais, ou seja, não é cunhada por nenhum governo (ainda). É uma moeda inventada por um grupo de pessoas que define suas regras de troca, geração e manutenção. Apenas usa essas moedas quem quiser, não há uma força estatal te obrigando a utilizá-la.

A criptomoeda tem esse nome porque usa tecnologia de criptografia para controlar seu uso e validação. As transações são verificadas por um sistema totalmente descentralizado com anonimato para quem valida as moedas e os proprietários dessas moedas.

As transações são registradas em um livro razão digital onde cada transação de moeda é lançada em uma lista totalmente pública. Que é o blockchain. É assim que os proprietários de moedas são impedidos de gastá-las várias vezes ou fraudar de outras formas.

As possíveis vantagens do uso de criptomoedas:

  1. Custos possivelmente mais baixos para transações

As taxas de transação no e-commerce reduzem as margens das marcas e são repassadas aos consumidores. As marcas que processam pagamentos por intermediadores convencionais, pagam de 3 a 5% em cada transação, enquanto as transações de criptomoedas geralmente custam menos do que 1%. Imagine a diferença que isso pode fazer para uma marca com apenas US $ 5 milhões anuais em vendas online.

  1. Nova base de consumidores

Existem consumidores que são avessos ao cartão de crédito e aos bancos. Embora eles sejam a minoria, oferecer pagamentos em criptomoedas por seus produtos abrirá um pouco mais de alcance para o seu comércio eletrônico. À medida que as cryptos ganham ainda mais adoção, espera-se que esse grupo de consumidores cresça, e você já pode ter ganhado sua fidelidade.

  1. Risco reduzido de fraude

Isso entra no lado técnico das coisas novamente, mas a criptomoeda é aplaudida por muitos por reduzir a fraude. Devoluções fraudulentas e outros tipos de estornos prejudicarão os resultados financeiros de sua marca, mas a tecnologia que alimenta a criptomoeda tem o potencial de erradicar cobranças fraudulentas para sempre.

  1. Uma moeda que facilite seu dia a dia

São várias moedas que existem hoje, e várias que virão a existir. Você pode encontrar uma moeda que se encaixe na forma que sua loja trabalha e suas regras, além do desenvolvimento de uma série de serviços periféricos que podem te ajudar. Isso pode ser mais impactante em negócios B2B.

Desvantagens e barreiras de criptomoedas no comércio eletrônico

Novas tecnologias são sempre empolgantes, mas sempre vêm com riscos e barreiras para sua adoção. No caso das criptomoedas, os riscos são indiscutivelmente maiores do que a maioria das outras novas tecnologias que você vê abrindo caminho para o e-commerce atualmente. Isso significa que você deve considerar esses riscos um pouco mais a sério.
Por exemplo:

  1. Visão como ativo, e não como moeda de fato

A esmagadora maioria das pessoas que possuem cryptos, compraram como um ativo, pensando em sua valorização e não pensando em trocar cryptos por produtos ou serviços. Isso diminui muito o número de possíveis compradores.

  1. Volatilidade

Por falar em preços de Bitcoin, a criptomoeda é notoriamente volátil. Uma vez que não é apoiado por nenhuma moeda fiduciária, não há nenhum “conhecimento” real para onde os preços irão. Isso dificulta na hora do consumidor trocar a moeda por um produto pelo medo de estar perdendo uma valorização. Para o lojista manter cryptos em caixa é um risco, pois a moeda pode ter uma grande desvalorização, o valor recebido hoje pode não ser suficiente para repor o estoque semana que vem.

  1. Limitações técnicas

As verificações de transação não são (tão) instantâneas, a criptomoeda precisa ser validada na blockchain. Isso ainda é processado quase instantaneamente, mas o tempo que leva também depende da carteira criptografada e do site em uso.

Algumas cryptos também tem um baixo limite de transações por segundo, o que impede a adoção como moeda em larga escala. A rede Bitcoin, com a sua atual configuração, tem capacidade para processar somente sete transações por segundo. Para se ter uma ideia, a operadora de cartões Visa pode realizar até 24 mil transações por segundo.

  1. Sem proteção ao consumidor

Os consumidores sabem que não são responsáveis ​​por cobranças fraudulentas de cartão de crédito, e as marcas de comércio eletrônico sabiamente incorporam um certo número de estornos em sua receita prevista. Nenhuma criptomoeda tem proteção ao consumidor, entretanto, o que significa que o consumidor perde em caso de fraude a não ser que seja usado um intermediário, o que vai contra toda a ideia “peer to peer” das cryptos.

  1. Fragmentação de moedas

Havia bem mais de 4.000 criptomoedas no início de 2021. Isso deixa para cada marca de comércio eletrônico navegar pelas muitas opções para permitir o pagamento das moedas mais usadas por seus clientes.

  1. Taxas possivelmente mais altas

Tendo em vista que há poucos mantenedores (mineradores) da rede, e um limite de transações, os usuários, como forma de incentivo, embutem uma taxa para que estes realizem suas transações antes dos demais.

Devido ao acúmulo de pendências nas transações, os usuários, a fim de atrair mineradores, oferecem taxas cada vez mais altas. Independentemente do valor da transação na rede, a taxa permanece a mesma para valores como dez reais ou cinquenta mil dólares, o que pode tornar a transação inviável em algumas moedas. Esse é hoje o caso do Bitcoin.

  1. Energia e sustentabilidade

Talvez isso seja uma surpresa para você, mas criptomoedas podem usar grandes quantidades de energia para se manter. Este consumo de energia é significativo o suficiente para que a manutenção apenas de Bitcoin (para não mencionar outras moedas) consuma mais eletricidade a cada ano do que todo o país da Argentina. Isso tem um custo, além de não ser bem visto hoje com consumidores cada vez mais preocupados com o meio ambiente.

No entanto, algumas moedas são muito mais eficientes e gastam bem menos energia por transação.

Acho que as desvantagens e barreiras técnicas inviabilizam o uso de criptos em escala por e-commerces, você concorda? Tem alguma opinião sobre? Manda aí!

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Acredito que a longo prazo, caso seja aceito pelo mercado (eu imagino que sim), as cryptomoedas serão mais fáceis de serem utilizadas!

Um exemplo, foi o PIX, que obviamente é uma solução muito mais simples, mas veio para transformar as formas de pagamento! :slight_smile:

Obrigada pelo texto @vitorrochagoncalves, muito esclarecedor!

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Boa noite @vitorrochagoncalves. Tudo bem?

Belo texto com pontos importantes e explicativos. Vale sempre a reflexão sobre novas tecnologias e meios associados aos negócios.

Entre 2015, 2016 tive uma experiência momentânea com criptomoeda em um e-commerce que tive. Foi proposto em um grupo e aceitei o desafio.

Acabei implementando o Bitcoin no e-commerce em uma finada plataforma com intermediação de uma empresa que acho que não opera mais, a Pagcoin. Ela convertia já o valor em Bitcoin para Real. Ou seja, eu não “guardava” a criptomoeda. Para mim não funcionava como investimento.

Muitos curiosos vinham, mas não efetuavam compras. A intermediação e conclusão de compra era complicada. As ferramentas não ajudavam para uma experiência fluída. Isso há 5, 6 anos atrás. Não sei como funciona atualmente. Mas foram pouqíssimas vendas pagas com Bitcoin. Muitos que viam que eu aceitava, entravam em contato para negociar a criptomoeda. Uma coisa louca.

Tratando de e-commerce, você tocou realmente em muitos pontos.

Mas acho que um grande entrave é essa questão que você colocou de ela ser apenas um investimento. A impressão é que poucos, ainda mais hoje com a larga valorização, vejam as criptomoedas como moeda corrente para troca de bens e serviços. Talvez um nicho muito específico.

Enfim… foi uma experiência válida quando aceitava, mas resultado era muito pequeno, quase nulo. Muita coisa mudou, mas ainda não vejo muitos e-commerces aceitando este tipo de pagamento.

É esperar para ver o que acontece.

Sucesso à todos e obrigado pelo espaço.

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Agradeço por compartilhar sua experiência @roque ! Com certeza hoje devemos encontrar ferramentas mais adequadas que nessa época, o que pode facilitar as coisas. Acredito que a visão de quem tem as moedas continua o mesmo, isso se não for ainda mais voltado para ver como um investimento.